sábado, 7 de setembro de 2019

Cultura Secular: Um Mal Necessário?


Alguns afirmam que as expressões culturais, tais como a música, coreografias ou encenações teatrais, possuem relação direta com as formas de adoração. Porém, será mesmo que todas as formas de adoração convêm?


A inserção de novas melodias nos cultos ou encenação da representação da morte de Jesus Cristo, ou mesmo danças de funk cristão, é um fenômeno sem volta na maioria das igrejas, mas que divide opiniões. Muitos cristãos defendem que a cultura secular deveria ficar fora dos templos, mas outros argumentam que todos os louvores feitos para Deus chegam aos céus quando entoados de coração, não importando o ritmo ou a expressão corporal ou linguagem cultural. À luz da Bíblia, podemos chegar a algum consenso quanto a este assunto?


Muitos defendem que todas as formas culturais podem ser aproveitadas e o que realmente importa é o que está no coração baseado nessa passagem bíblia:



“Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o que é bom”. 1 Tessalonicenses 5:20,21.

Com a diversidade cultural encontrada no mundo, fica difícil para a maioria das igrejas entender se há realmente algum ritmo ou cultura secular que não deveria receber cunho cristão. O cantor e compositor Carlinhos Félix é um dos defensores dessa linha de pensamento. 


"Eu tenho andado bastante no Brasil e fora dele. Vejo que existe de tudo: ministério de louvor, rock, soul, baladas, pop rock, jazz, forró, xaxado, reteté. Tem de tudo, e acho que isso é cultural. O que tem de existir é sabedoria vinda de Deus para introduzir o que não causa divisão. É necessário buscar o que venha agregar", declarou. 

Na Missão Praia da Costa, em Vila Velha, diversidade musical é o que não falta. Com a membresia repleta de jovens, mas também com muitos adultos com estilo tradicional, cantam-se e tocam-se desde hinos compostos há séculos até rock e reggae. Um dos líderes do ministério de louvor, explica que a escolha das músicas acontece de acordo com o culto.


"A gente toca de tudo na igreja, do samba ao rock. Por exemplo, em março teremos Conferência de Carnaval e vamos montar uma bateria de samba, composta por pessoas da igreja. Vamos tocar um samba-enredo. Por outro lado, temos na igreja o culto dos surfistas e nele a gente toca mais o estilo reggae”.

Complementando, uma das organizadoras disse: 


"Nós nos adequamos ao momento e ao que o dirigente do culto está pedindo. Todos os estilos musicais podem virar louvor a Deus porque Ele é o criador de tudo. Se Deus é o criador supremo de todas as coisas, Ele pode usar maneiras, ritmos, letras, pessoas diferentes. Ele adora usar coisas improváveis para nos deixar sem chão e nos levar a Sua graça. Se Deus pode usar até a gente, por que não usaria os ritmos musicais?".

Até mesmo igrejas famosas por serem tradicionais estão indo pelo mesmo caminho, como é o caso da igreja Adventista do Sétimo Dia. Acompanhe um trecho de uma das postagens do site Noticias Adventistas:


"A cultura pop atual não é um modelo positivo em sua essência e conteúdo. Mas a forma com que ela é gerida, acompanhada e apresentada nos ensina muito. Como disse anteriormente, a cultura pop é o espelho da geração. Geração que está, inclusive, dentro da igreja, com opiniões fortes e posições se consolidando. Chegou o momento de entender melhor como a cabeça desta geração funciona e construirmos formas de fortalecer sua identidade espiritual, aumentar seu senso de pertencimento e, consequentemente, firmar seus propósitos - Fábio Bergamo - Marketing, Comunicação, Cultura e Religião."

Então vem a pergunta, o que realmente a passagem de 1 Tessalonicenses 5:20,21 quer nos dizer?


É comum vermos a passagem mencionada acima relacionada a temas referentes a influência cultural no cristianismo. Embora a aplicação a respeito da cultura seja válida, se analisarmos atentamente o que o apóstolo estava querendo dizer veremos que cultura não era o objetivo de sua fala. Na verdade, Paulo estava se referindo às coisas espirituais. No caso de se ouvir alguém falando a respeito da palavra de Deus, devemos reter ou guardar aquilo que a pessoa falou que está em conformidade para com as Escrituras, o que não estiver devemos simplesmente ignorar. Não devemos jamais expor a pessoa ao ridículo mesmo que ela esteja dando uma interpretação que não esteja em conformidade com o texto sagrado. Precisamos tomar o máximo de cuidado para não retirarmos um texto de seu contexto para gerar um pretexto que seja favorável às nossas próprias opiniões e ideias. 


Todavia, como já mencionado acima, podemos partir da premissa de Paulo de absorver o que é bom no que diz respeito também a tradições culturais. Se a primeira aplicação é espiritual, a segunda pode ser no que diz a cultura secular. 


O texto abaixo foi retirado de uma lição de escola sabatina da igreja adventista do sétimo dia, acompanhe:



"Embora toda cultura reflita a condição caída de seu povo, a cultura também pode possuir crenças compatíveis com as Escrituras, e até úteis para a causa do evangelho. O valor dado à família e à comunidade em muitas partes do mundo é um exemplo. Os cristãos podem apoiar e fortalecer o que é bom e de acordo com os princípios bíblicos. Ao mesmo tempo, a verdade de Deus não deve ser comprometida. Lamentavelmente, a história da igreja mostra que a transigência e a adaptação a culturas produziram uma miscelânea de crenças pseudocristãs que se apresentam como cristianismo.
Satanás afirma ser o deus do mundo e espalha alegremente a confusão, mas Jesus redimiu este mundo, e Seu Espírito guia Seus seguidores a toda a verdade (Jo 16:13). - Trecho extraído do site Lições da Bíblia, programa da Rádio Novo Tempo.

Como vimos, quando vamos aceitar uma cultura devemos levar em consideração dois aspectos muito importantes: a cultura deve ser boa e de acordo com princípios bíblicos. Reparem que aqui não é possível escolher entre um dos dois aspectos, em termos culturais os dois aspectos precisam estar presentes. Se a cultura é boa mas falta a concordância com princípios bíblicos, ela se torna, portanto, objetável. Deste modo, a cultura será realmente boa se possuir concordância com os princípios bíblicos, do contrário, ela é dispensável. 

Todavia, ainda pode restar uma pergunta: como saberemos se a cultura secular preenche os princípios bíblicos?


A resposta é óbvia: ela tem que estar contida nas Escrituras Sagradas.


Existe um projeto da igreja Adventista do Sétimo Dia chamado “Pedra Fundamental”.


Publicações Sugeridas: Sede Administrativa da Igreja Adventista lança Pedra Fundamental no Terreno de Seu Novo Edifício


Leia Mais: Imprensa Destaca Lançamento da Pedra Fundamental do Colégio Adventista


O projeto da igreja Adventista do Sétimo Dia “Pedra Fundamental” se trata do seguinte: no ato de prestar culto em agradecimento a uma futura igreja que será construída, no alicerce dela será colocado uma urna, e dentro dela uma bíblia e revistas adventistas da época em que foi construída a igreja em questão, simbolizando a benção de ter uma igreja adventista naquela região. 


Abaixo vocês poderão conferir um vídeo que ilustra o que foi dito acima: 


Veja o Vídeo: "Lançamento da Pedra Fundamental da igreja Adventista de Jacutinga".


O projeto da “Pedra Fundamental” é uma cerimônia simbólica com origens Celta e Maçônica. A colocação da pedra fundamental significa o início efetivo de uma edificação. Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa (1.ª edição/2001), a Pedra fundamental "assinala, geralmente com solenidade, o início de uma obra importante". Também é costume se adicionar uma cápsula do tempo, recipiente fechado contendo uma ata com o nome das pessoas presentes e lembranças do dia, como um jornal ou moedas, para a posteridade. A pedra fundamental, contendo inscrições como data e identificação do construtor, tradicionalmente é encontrada no canto nordeste da construção.


Veja agora como o ritual é celebrado dentro da maçonaria e analise por si mesmo se existem semelhanças e diferenças com o que é feito na IASD.


Veja o Vídeo: Loja Maçônica realiza lançamento da pedra fundamental para construção de novo templo


Evidentemente, pode-se notar muitas semelhanças, mais do que gostaríamos que existissem.


Mas, afinal, por que citar o projeto Pedra Fundamental? 


Diante das evidências que foram colocadas, esse ritual é claramente pagão e as Escrituras Sagradas poderão ser esquadrinhadas quantas vezes forem necessárias e nada se encontrará nelas que apoiem tal prática. O simbolismo de construir uma urna debaixo dos alicerces da construção civil de ambos os projetos, tanto da igreja adventista como do templo maçônico, é um ritual supersticioso, porque não existe nenhuma finalidade divina de aprisionar uma bíblia dentro de uma urna de concreto!


E por que dizer que o ritual celta da pedra fundamental é um ritual supersticioso? Antes de entendermos o que significa ritual supersticioso precisamos entender o significado da própria palavra superstição. Segundo o dicionário Houass, superstição possui dois principais significados. São estes:



  1. Crença ou sentimento sem fundamento racional, que induz à confiança em coisas absurdas, ao temor a coisas inócuas e imaginárias e à criação de obrigações falsas e indevidas, sem relação alguma entre os fatos e suas causas; crendice.
  2. Crença cega e exagerada a alguma regra, princípio ou coisa, que é adorada e seguida sem questionamentos.


Portanto, o que faz da Pedra Fundamental um ritual supersticioso? Essa pergunta nos leva a outra: Qual a garantia de que esse ritual traz para os envolvidos que, de fato, aquela construção será uma bênção? E ainda a outra: Será que o que faz de um lugar abençoado são as coisas ou as atitudes das pessoas que formam aquele lugar? 

Segundo Isadora Sena, “o que faz um lugar ser bom, são as pessoas que vivem nele”. Isso nos leva ainda ao significado da palavra superstição. Um ritual supersticioso é aquele que leva pessoas a fazerem coisas sem ter base na razão, sem comprovação alguma de que aquilo é eficaz. Afinal, pensemos bem, será mesmo que objetos, mesmo uma Bíblia aprisionada dentro de uma urna de concreto, fazem do lugar mais ou menos abençoado? Será que os ensinamentos da própria Bíblia são eficazes se estiverem escritos apenas em folhas de papel e não na prática da vida diária? Pense bem nisso!


Podemos concluir, portanto, que as culturas seculares não vieram para agregar boas práticas à igreja de Deus, e sim para dividi-la. Não existe somente o projeto da pedra fundamental como forma de cultura secular, as roupas indecentes dos adventistas vestidas pelas pessoas que moram nas regiões mais quentes do mundo também são manifestações de paganismo, e não podemos deixar de citar as músicas e o setor da igreja chamado de clube de desbravadores. E quanto a este, tenho algumas observações a fazer. 


Muitos pais se enganam em colocar seus filhos em clubes de desbravadores achando que eles serão evangelizados pelos seus líderes e envolvidos. Embora o que de fato aconteça em reuniões feitas em pequenas igrejas permitam ao desbravador cumprir com seu objetivo, sabemos que as reuniões de desbravadores não se limitam somente em reuniões na igreja local. Existe o chamado Campori, evento organizado pela Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia para reconhecimento das atividades desenvolvidas pelos clubes de desbravadores ao longo dos anos.


Assista ao Vídeo: Abertura Campori DSA 2019 / Mega Cozinha


O Campori é um megaevento que reúne desbravadores de todos os países da América do Sul. O grande problema disso é que na maioria esmagadora das vezes os jovens participantes desse evento ficam sem a companhia dos olhares vigilantes de seus pais. Por sua vez, os líderes responsáveis por um grande grupo de jovens não conseguem, por razões óbvias, vigiar e orientar todos esses jovens quanto a sua maneira de portar e relacionar. Imagine o que acontece quando dezenas ou centenas de jovens com seus hormônios a flor da pele estão reunidos sem os olhares vigilantes de adultos? O que acontece é que eles se desviam do objetivo central da reunião e se escondem por entre os carros e barracas para poder namorar e fazer sabe-se lá mais o que.


Finalmente, o que pode se concluir a respeito da cultura secular? 


A menos que elas apresentem seus princípios com relação direta e clara nas escrituras sagradas, elas são completamente dispensáveis. Como seguidores de Cristo devemos entender que nossas práticas, costumes e tradições devem refletir um claro “assim diz o Senhor”. Isso quer dizer que tudo que envolve o cristianismo deve-se demarcar uma clara linha divisória que nos diferencie do mundo. Dessa forma, nossas festas, nossas músicas, nossa comida, nossas conversas, nosso vestuário, não devem lembrar, sequer, a cultura secular predominante. Devemos, contudo, ter sempre diante de nós que, enquanto estamos nessa terra vivemos um período de treinamento para a pátria que nos aguarda, isto é, a celestial. Portanto, tudo que fizemos aqui faríamos lá, e se quisermos fazer algo que jamais faríamos na presença de Deus, então não devemos faze-lo, nem mesmo aqui.  

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