terça-feira, 9 de julho de 2019

A Verdadeira Eficácia da Disciplina



"Mas, ó, que triste quadro! Aqueles que não se submetem à influência do Espírito Santo logo perdem as bênçãos recebidas quando reconheceram a verdade como do Céu. Eles caem em uma formalidade fria e sem espírito; Eles perderam seu interesse em almas perecendo: eles deixaram seu primeiro amor". E Cristo lhes diz: 'Lembre-se, portanto, de onde você caiu, e arrependa-se, e faça as primeiras obras; ou, então, eu virei a ti rapidamente, e tirarei seu castiçal deste lugar, a não ser que você se arrependa'. Ele tirará o Espírito Santo da igreja e dará a outros que hão de apreciá-lo." - Review and Herald, 16 de julho de 1895.

O povo ao qual Deus escolhe para ser Seu representante, tem condições de permanecer em seu posto enquanto for fiel aos mandamentos. A aliança que Deus faz com um povo que chama para ser Sua “propriedade particular” não é incondicional. Para que essa aliança tenha vínculos perpétuos, Deus dá a Seus filhos condições para permanecer dentro desse tratado.

Temos essa evidência em Êxodo 19:5. 



Vejam:



“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha” (Êxodo 19:5, ARA).

Percebam que nesse texto temos uma condição. Qual condição? Para que o povo de Israel permanecesse como “propriedade peculiar” de Deus, eles deveriam “diligentemente [ouvir] e [guardar]” a aliança que Deus estava lhe propondo. Que aliança é essa? Se o povo permanecesse fiel e obediente em guardar seus estatutos e leis (participação do povo na aliança), Deus estava prometendo que Ele os abençoaria e daria a eles toda a terra de Canaã (parte de Deus na aliança), que foi a promessa feita por Deus a Abraão, Isaque e Jacó. Certamente Deus cumpriria Sua parte no trato, agora restava saber se o povo faria também.

Estamos, portanto, diante de uma promessa condicional, onde não vale somente a palavra de Deus no trato, mas também a palavra e atitudes do Seu povo, neste contexto, o povo de Israel.
Conforme mencionado inicialmente nas palavras de Ellen White, Deus fez uma advertência à igreja adventista que, se o povo continuasse em seu pecado, Deus tiraria Seu Espírito Santo de seu meio e daria a um povo que o apreciasse da maneira devida.



Veja novamente:



“’Eu virei a ti rapidamente, e tirarei seu castiçal deste lugar, a não ser que você se arrependa'. Ele tirará o Espírito Santo da igreja e dará a outros que hão de apreciá-lo.”



Conhecemos muito bem a parábola do joio e do trigo. Porém, ao contrário do senso comum, esta parábola não tem apenas uma única aplicação. Iremos mostrar ao leitor pelo menos duas aplicações das três possíveis (deixaremos a terceira aplicação para um próximo post).

Então, vamos à primeira e mais conhecida aplicação: o joio e o trigo crescem juntos e o Ceifeiro é o único capaz de separá-los. Digamos assim, o joio são os cristãos nominais, ou seja, cristãos de nome, ou, pessoas que estão na igreja mas não possuem coração sincero; o trigo são os verdadeiros cristãos, aqueles que diariamente banham suas vestes no sangue do Cordeiro. Como já nos foi explicado, não temos poder para discernir o joio do trigo, pois, realmente, neste caso, somente Deus é que conhece o coração e as intenções de cada classe. Nesse julgamento não temos participação.



Agora, vamos para a segunda aplicação. Nessa aplicação, novamente temos o joio e o trigo, os não sinceros e os sinceros, porém, neste caso aqui, o “ceifeiro” passa a ser representado pela liderança eclesiástica, ou seja, pastores, anciãos, obreiros, enfim, qualquer pessoa que exerça um cargo de liderança dentro da igreja. Porém, aqui cabe um questionamento: como esses líderes saberão discernir o joio do trigo? Isso é mesmo possível? Sim, é possível! E iremos lhes mostrar porquê.



Quando o joio se revela é o momento de julgá-lo. Como assim? Deus concedeu autoridade sobre sua igreja para julgar pequenas causas, digamos assim. Observemos o que Paulo nos diz:



“[...] Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?” (1 Coríntios 6:2, ARA).



Perceba que Deus não nos impediu de julgar. Nós podemos julgar. Não podemos julgar as intenções do coração, aquilo que está oculto aos nossos olhos, porém aquilo que nos é revelado, isso sim podemos julgar.
Portanto, voltando a questão do joio, quando ele se revela em nosso meio não só podemos como devemos julgá-lo. Lembram-se do caso do pecado de Acã? Josué não tinha conhecimento do que ele havia feito, mas mesmo assim quando foi buscar a Deus para entender porque haviam perdido a batalha sobre a cidade de Ai, Deus não mediu Suas palavras.

Vejam:


“Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? [Deus respondendo a Josué] Israel pecou, e violaram a minha aliança. [...] já não serei convosco, se não eliminardes do meio de vós o anátema” (Josué 7:11, 12, ARA).

E veja só o que a irmã White disse a respeito do pecado que já estava sendo cometido no meio do povo de Deus:

 
“Apelo ao povo de Deus para que abra os olhos. Quando sancionais, ou executais as decisões de homens que, como sabeis, não estão em harmonia com a verdade e a justiça, enfraqueceis vossa própria fé e perdeis vosso gosto pela comunhão com Deus. Pareceis ouvir a voz que foi dirigida a Josué: ‘Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado. ... Anátema há no meio de ti, Israel.’ 'Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.' Cristo declara: 'Quem comigo não ajunta espalha.'” (Testemunhos para Ministros, p. 91,92).

Portanto, não estava aqui pedindo Deus para que Josué elimina-se o anátema? E se substituíssemos a palavra “anátema” por joio? Perceba que não alteraremos aqui o sentido do contexto da ação se fizermos a substituição das palavras. Deus estava pedindo para Josué tirar a abominação (esse é o significado de anátema) do meio do povo, caso contrário Ele não estaria com eles. E vale lembrar também que o povo de Israel conseguia derrotar as nações pagãs apenas por causa da intervenção de Deus, sem essa intervenção eles eram certamente derrotados.

Agora, o que é o pecado senão abominação para Deus? Certamente, o exemplo do pecado de Acã é o maior e melhor exemplo da importância de disciplinarmos o pecado que há no meio de nós, sem a qual corremos o risco de incorrer no sério e severo desagrado de Deus.

Como esse contexto se aplica à igreja adventista hoje? Vou tomar como exemplo Acã mais uma vez para que possam entender o que estou querendo dizer. Após Deus haver dito a Josué que havia pecado no meio do povo, Josué, diligentemente, procurou saber de quem era o pecado. Após jogar sortes, descobriram a família de Acã e o próprio Acã confessou seu pecado. Portanto, observe que aqui temos um joio revelado. O mesmo se aplica à realidade da igreja hoje. Imagine que temos um caso de um irmão que pecou (e aqui não importa o pecado) e esse ato abominável foi descoberto. De acordo com o exemplo que temos de Josué, o que a liderança da igreja, seja local, nacional ou mundial, deve fazer? Disciplinar diligentemente o pecado de seu meio. E caso essa postura não seja tomada, o que acontece?

“Se há uma negligência com os líderes da igreja em procurar diligentemente os pecados que trazem o desagrado de Deus sobre Seu povo como um corpo, eles se tornam responsáveis por esses pecados.” (Review and Herald, 8 de junho de 1886).

Então, percebam que desde 1886 a igreja já estava enfrentando problemas em relação a membros que tinham pecados públicos não disciplinados. E como sabemos disso? Através dessa declaração encontrada na mesma publicação citada acima.

Vejam:



“Quem está de pé no Conselho de Deus neste momento? São aqueles que desculpam os erros entre o professo povo de Deus, e murmuram em seus corações, se não abertamente, contra aqueles que reprovam o pecado? São aqueles que se posicionam contra eles e simpatizam com aqueles que cometem erros? Não, é certo que não! Estes a menos que se arrependam, e deixem a obra de Satanás em oprimir aqueles que têm o fardo da obra, e em levantar as mãos dos pecadores em Sião, nunca receberão a marca da aprovação seladora de Deus” (Review and Herald, 8 de junho de 1886).

Mas imaginemos o seguinte caso: imaginemos que a liderança (pastor, ancião, obreiros, etc.) enxerga o pecado (público) mas não no modo odioso como é e decide não disciplinar o pecador. O que nós, como membros do corpo de Cristo e adoradores fiéis devemos fazer?

 “É uma solene declaração que faço à igreja, de que nem um entre vinte dos nomes que se acham registrados nos livros da igreja, está preparado para finalizar sua história terrestre, e achar-se-ia tão verdadeiramente sem Deus e sem esperança no mundo como o pecador comum. Professam servir a Deus, mas estão servindo mais fervorosamente a Mamom. Esta obra feita pela metade é um constante negar a Cristo, de preferência a confessá-Lo. São tantos os que introduziram na igreja seu espírito não subjugado, inculto! Seu gosto espiritual é pervertido por suas degradantes corrupções imorais, simbolizando o mundo no espírito, no coração, nos propósitos, confirmando-se em práticas concupiscentes, e são saturadamente cheios de enganos em sua professa vida cristã. Vivendo como pecadores e alegando ser cristãos!” (Serviço Cristão, p. 40,41).  

Prestem muita atenção ao texto que se segue. Ele é muito importante!

“Os que pretendem ser cristãos e querem confessar Cristo devem sair dentre eles e não tocar nada imundo, e separar-se” (Serviço Cristão, p. 40,41).



Para que o leitor entenda o quão sério é isto que estamos querendo dizer, iremos lhes dar um exemplo prático que aconteceu conosco dentro da obra adventista.

Minha esposa trabalhou na obra durante alguns meses e no seu setor de trabalho dividiu tarefas com uma esposa de pastor. Nesse contexto, ambas acabaram trocando ideias sobre a questão da disciplina dentro da igreja adventista, e a esposa do pastor afirmou com todas as letras do alfabeto: “Na igreja não se disciplina mais, se adverte”. Ou seja, sem sombra alguma de dúvidas, o padrão moral da disciplina foi rebaixado. Será que é difícil imaginar o por quê? Adultérios rolando soltos, homicídio, agressão, idolatria, glutonaria... e por aí vai. Imagine o que aconteceria com milhares de pastores e obreiros se realmente a igreja como instituição levasse a disciplina a sério!? Com certeza não teríamos os milhões de adventistas no mundo que temos hoje.
O ponto central da mensagem deste artigo é severa, porém precisa ser dita. Como representantes do evangelho eterno, temos o dever e incumbência de dizer ao leitor que a revelação do Espírito de Deus nos diz que devemos nos separar daqueles que menosprezam e rebaixam a santidade da lei do Senhor, nosso Deus. Se fazemos parte de um povo que deixou de guardar os mandamentos, que pretende colocar panos quentes nos erros que cometem, e por conta de relações politicas, beneficiam certos membros da igreja, negligenciando o pecado destes, temos a autorizacao do Senhor, conforme as palavras da profetiza, para deixarmos de congregar com estes e passarmos para as fileiras daqueles que realmente possuem a perseveranca dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e o têm o testemunho de Jesus” (Apocalipse 14:12).

Deus lhes abençoe!




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