"Mas, ó, que triste quadro! Aqueles que não se submetem à influência do Espírito Santo logo perdem as bênçãos recebidas quando reconheceram a verdade como do Céu. Eles caem em uma formalidade fria e sem espírito; Eles perderam seu interesse em almas perecendo: eles deixaram seu primeiro amor". E Cristo lhes diz: 'Lembre-se, portanto, de onde você caiu, e arrependa-se, e faça as primeiras obras; ou, então, eu virei a ti rapidamente, e tirarei seu castiçal deste lugar, a não ser que você se arrependa'. Ele tirará o Espírito Santo da igreja e dará a outros que hão de apreciá-lo." - Review and Herald, 16 de julho de 1895.
O povo ao qual Deus escolhe para ser Seu representante, tem condições de permanecer em seu posto enquanto for fiel aos mandamentos. A aliança que Deus faz com um povo que chama para ser Sua “propriedade particular” não é incondicional. Para que essa aliança tenha vínculos perpétuos, Deus dá a Seus filhos condições para permanecer dentro desse tratado.
Temos essa evidência em Êxodo 19:5.
Vejam:
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha” (Êxodo 19:5, ARA).
Percebam que nesse texto temos uma condição. Qual condição? Para que o povo de Israel permanecesse como “propriedade peculiar” de Deus, eles deveriam “diligentemente [ouvir] e [guardar]” a aliança que Deus estava lhe propondo. Que aliança é essa? Se o povo permanecesse fiel e obediente em guardar seus estatutos e leis (participação do povo na aliança), Deus estava prometendo que Ele os abençoaria e daria a eles toda a terra de Canaã (parte de Deus na aliança), que foi a promessa feita por Deus a Abraão, Isaque e Jacó. Certamente Deus cumpriria Sua parte no trato, agora restava saber se o povo faria também.
Estamos, portanto, diante de uma promessa condicional, onde não vale somente a palavra de Deus no trato, mas também a palavra e atitudes do Seu povo, neste contexto, o povo de Israel.
Conforme mencionado inicialmente nas palavras de Ellen White, Deus fez uma advertência à igreja adventista que, se o povo continuasse em seu pecado, Deus tiraria Seu Espírito Santo de seu meio e daria a um povo que o apreciasse da maneira devida.
Veja novamente:
“’Eu virei a ti rapidamente, e tirarei seu castiçal deste lugar, a não ser que você se arrependa'. Ele tirará o Espírito Santo da igreja e dará a outros que hão de apreciá-lo.”
Conhecemos muito bem a parábola do joio e do trigo. Porém, ao contrário do senso comum, esta parábola não tem apenas uma única aplicação. Iremos mostrar ao leitor pelo menos duas aplicações das três possíveis (deixaremos a terceira aplicação para um próximo post).
Então, vamos à primeira e mais conhecida aplicação: o joio e o trigo crescem juntos e o Ceifeiro é o único capaz de separá-los. Digamos assim, o joio são os cristãos nominais, ou seja, cristãos de nome, ou, pessoas que estão na igreja mas não possuem coração sincero; o trigo são os verdadeiros cristãos, aqueles que diariamente banham suas vestes no sangue do Cordeiro. Como já nos foi explicado, não temos poder para discernir o joio do trigo, pois, realmente, neste caso, somente Deus é que conhece o coração e as intenções de cada classe. Nesse julgamento não temos participação.
Agora, vamos para a segunda aplicação. Nessa aplicação, novamente temos o joio e o trigo, os não sinceros e os sinceros, porém, neste caso aqui, o “ceifeiro” passa a ser representado pela liderança eclesiástica, ou seja, pastores, anciãos, obreiros, enfim, qualquer pessoa que exerça um cargo de liderança dentro da igreja. Porém, aqui cabe um questionamento: como esses líderes saberão discernir o joio do trigo? Isso é mesmo possível? Sim, é possível! E iremos lhes mostrar porquê.
Quando o joio se revela é o momento de julgá-lo. Como assim? Deus concedeu autoridade sobre sua igreja para julgar pequenas causas, digamos assim. Observemos o que Paulo nos diz:
“[...] Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?” (1 Coríntios 6:2, ARA).
Perceba que Deus não nos impediu de julgar. Nós podemos julgar. Não podemos julgar as intenções do coração, aquilo que está oculto aos nossos olhos, porém aquilo que nos é revelado, isso sim podemos julgar.
Portanto, voltando a questão do joio, quando ele se revela em nosso meio não só podemos como devemos julgá-lo. Lembram-se do caso do pecado de Acã? Josué não tinha conhecimento do que ele havia feito, mas mesmo assim quando foi buscar a Deus para entender porque haviam perdido a batalha sobre a cidade de Ai, Deus não mediu Suas palavras.
Vejam:
“Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? [Deus respondendo a Josué] Israel pecou, e violaram a minha aliança. [...] já não serei convosco, se não eliminardes do meio de vós o anátema” (Josué 7:11, 12, ARA).
E veja só o que a irmã White disse a respeito do pecado que já estava sendo cometido no meio do povo de Deus:
“Apelo ao povo de Deus para que abra os olhos. Quando sancionais, ou executais as decisões de homens que, como sabeis, não estão em harmonia com a verdade e a justiça, enfraqueceis vossa própria fé e perdeis vosso gosto pela comunhão com Deus. Pareceis ouvir a voz que foi dirigida a Josué: ‘Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado. ... Anátema há no meio de ti, Israel.’ 'Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.' Cristo declara: 'Quem comigo não ajunta espalha.'” (Testemunhos para Ministros, p. 91,92).
“Apelo ao povo de Deus para que abra os olhos. Quando sancionais, ou executais as decisões de homens que, como sabeis, não estão em harmonia com a verdade e a justiça, enfraqueceis vossa própria fé e perdeis vosso gosto pela comunhão com Deus. Pareceis ouvir a voz que foi dirigida a Josué: ‘Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado. ... Anátema há no meio de ti, Israel.’ 'Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.' Cristo declara: 'Quem comigo não ajunta espalha.'” (Testemunhos para Ministros, p. 91,92).
Portanto, não estava aqui pedindo Deus para que Josué elimina-se o anátema? E se substituíssemos a palavra “anátema” por joio? Perceba que não alteraremos aqui o sentido do contexto da ação se fizermos a substituição das palavras. Deus estava pedindo para Josué tirar a abominação (esse é o significado de anátema) do meio do povo, caso contrário Ele não estaria com eles. E vale lembrar também que o povo de Israel conseguia derrotar as nações pagãs apenas por causa da intervenção de Deus, sem essa intervenção eles eram certamente derrotados.
Agora, o que é o pecado senão abominação para Deus? Certamente, o exemplo do pecado de Acã é o maior e melhor exemplo da importância de disciplinarmos o pecado que há no meio de nós, sem a qual corremos o risco de incorrer no sério e severo desagrado de Deus.
Como esse contexto se aplica à igreja adventista hoje? Vou tomar como exemplo Acã mais uma vez para que possam entender o que estou querendo dizer. Após Deus haver dito a Josué que havia pecado no meio do povo, Josué, diligentemente, procurou saber de quem era o pecado. Após jogar sortes, descobriram a família de Acã e o próprio Acã confessou seu pecado. Portanto, observe que aqui temos um joio revelado. O mesmo se aplica à realidade da igreja hoje. Imagine que temos um caso de um irmão que pecou (e aqui não importa o pecado) e esse ato abominável foi descoberto. De acordo com o exemplo que temos de Josué, o que a liderança da igreja, seja local, nacional ou mundial, deve fazer? Disciplinar diligentemente o pecado de seu meio. E caso essa postura não seja tomada, o que acontece?
“Se há uma negligência com os líderes da igreja em procurar diligentemente os pecados que trazem o desagrado de Deus sobre Seu povo como um corpo, eles se tornam responsáveis por esses pecados.” (Review and Herald, 8 de junho de 1886).
Então, percebam que desde 1886 a igreja já estava enfrentando problemas em relação a membros que tinham pecados públicos não disciplinados. E como sabemos disso? Através dessa declaração encontrada na mesma publicação citada acima.
Vejam:
“Quem está de pé no Conselho de Deus neste momento? São aqueles que desculpam os erros entre o professo povo de Deus, e murmuram em seus corações, se não abertamente, contra aqueles que reprovam o pecado? São aqueles que se posicionam contra eles e simpatizam com aqueles que cometem erros? Não, é certo que não! Estes a menos que se arrependam, e deixem a obra de Satanás em oprimir aqueles que têm o fardo da obra, e em levantar as mãos dos pecadores em Sião, nunca receberão a marca da aprovação seladora de Deus” (Review and Herald, 8 de junho de 1886).
Mas imaginemos o seguinte caso: imaginemos que a liderança (pastor, ancião, obreiros, etc.) enxerga o pecado (público) mas não no modo odioso como é e decide não disciplinar o pecador. O que nós, como membros do corpo de Cristo e adoradores fiéis devemos fazer?
“É uma solene declaração que faço à igreja, de que nem um entre vinte dos nomes que se acham registrados nos livros da igreja, está preparado para finalizar sua história terrestre, e achar-se-ia tão verdadeiramente sem Deus e sem esperança no mundo como o pecador comum. Professam servir a Deus, mas estão servindo mais fervorosamente a Mamom. Esta obra feita pela metade é um constante negar a Cristo, de preferência a confessá-Lo. São tantos os que introduziram na igreja seu espírito não subjugado, inculto! Seu gosto espiritual é pervertido por suas degradantes corrupções imorais, simbolizando o mundo no espírito, no coração, nos propósitos, confirmando-se em práticas concupiscentes, e são saturadamente cheios de enganos em sua professa vida cristã. Vivendo como pecadores e alegando ser cristãos!” (Serviço Cristão, p. 40,41).
“Os que pretendem ser cristãos e querem confessar Cristo devem sair dentre eles e não tocar nada imundo, e separar-se” (Serviço Cristão, p. 40,41).
Para que o leitor entenda o quão sério é isto que estamos querendo dizer, iremos lhes dar um exemplo prático que aconteceu conosco dentro da obra adventista.
Minha esposa trabalhou na obra durante alguns meses e no seu setor de trabalho dividiu tarefas com uma esposa de pastor. Nesse contexto, ambas acabaram trocando ideias sobre a questão da disciplina dentro da igreja adventista, e a esposa do pastor afirmou com todas as letras do alfabeto: “Na igreja não se disciplina mais, se adverte”. Ou seja, sem sombra alguma de dúvidas, o padrão moral da disciplina foi rebaixado. Será que é difícil imaginar o por quê? Adultérios rolando soltos, homicídio, agressão, idolatria, glutonaria... e por aí vai. Imagine o que aconteceria com milhares de pastores e obreiros se realmente a igreja como instituição levasse a disciplina a sério!? Com certeza não teríamos os milhões de adventistas no mundo que temos hoje.
Minha esposa trabalhou na obra durante alguns meses e no seu setor de trabalho dividiu tarefas com uma esposa de pastor. Nesse contexto, ambas acabaram trocando ideias sobre a questão da disciplina dentro da igreja adventista, e a esposa do pastor afirmou com todas as letras do alfabeto: “Na igreja não se disciplina mais, se adverte”. Ou seja, sem sombra alguma de dúvidas, o padrão moral da disciplina foi rebaixado. Será que é difícil imaginar o por quê? Adultérios rolando soltos, homicídio, agressão, idolatria, glutonaria... e por aí vai. Imagine o que aconteceria com milhares de pastores e obreiros se realmente a igreja como instituição levasse a disciplina a sério!? Com certeza não teríamos os milhões de adventistas no mundo que temos hoje.
O ponto central da mensagem deste artigo é severa, porém precisa ser dita. Como representantes do evangelho eterno, temos o dever e incumbência de dizer ao leitor que a revelação do Espírito de Deus nos diz que devemos nos separar daqueles que menosprezam e rebaixam a santidade da lei do Senhor, nosso Deus. Se fazemos parte de um povo que deixou de guardar os mandamentos, que pretende colocar panos quentes nos erros que cometem, e por conta de relações politicas, beneficiam certos membros da igreja, negligenciando o pecado destes, temos a autorizacao do Senhor, conforme as palavras da profetiza, para deixarmos de congregar com estes e passarmos para as fileiras daqueles que realmente possuem a “perseveranca dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e o têm o testemunho de Jesus” (Apocalipse 14:12).
Deus lhes abençoe!
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